sábado, 20 de abril de 2013

GUERRA ENTRE O TEOCENTRISMO E ANTROPOCENTRISMO

                        A GUERRA ENTRE O TEOCENTRISMO E ANTROPOCENTRISMO

               Ler a história da manifestação  cultural do ser humano ao longo da história é como assistir a um drama espetacular.Três vezes abrase o pano para exibir as fases de uma luta ferrenha,em argumento e contra argumento, até que um dos combatentes abandona o palco, cedendo a vitória.O que está em jogo?
 A resposta é dificultada por uma série de traços  incomuns nesta história: dominantes e dominados.Se observar com rigor a história econômica constaremos as razões desta oscilação de poderes entre deuses e homens. quem não tem poder econômico é herege e seu deus é fragilizado.
                
               A história do pensamento ocidental registraram-se duas grandes guinadas: a do mundo para Deus e a de Deus para o homem. A primeira teve lugar quando o Cristianismo suplantou a visão grega das coisas. Enquanto esta punha o cosmo à base de tudo e compreendia o homem e interpretava cada evento sobre o fundo do cosmo, com o advento do Cristianismo Deus toma o lugar do cosmo. Assim, na visão cristã tudo é atribuído a Deus: ele confere subsistência e significado a cada coisa; também o homem extrai de Deus primeiro a sua origem e olha para ele como seu último fim.
 A segunda grande guinada teve lugar durante a época moderna como consequência da secularização e do imanentismo: aos poucos, Deus desaparece de cena, cedendo seu lugar ao homem. Este se torna o único artífice legislador e intérprete de todas as coisas. À primeira virada se usa dar o nome de guinada teocêntrica, à segunda o de guinada antropocêntrica ou antropológica.
                Os inícios da guinada antropológica remontam à Renascença. Naquele período abre caminho no espírito humano um novo modo de ver e de agir, que contrasta fortemente com o precedente:enquanto antes o centro de todo interesse era Deus agora é o homem este centro. A vida e a natureza passam a ser apreciadas por si mesmas, e não como símbolos e como meios para chegar a Deus. O homem sente que sua tarefa e seu destino é a posse cada vez mais plena deste mundo. Intérprete e artífice principal da guinada antropológica é a filosofia. Esta, a partir do século XVI, abandona a impostação cosmocêntrica dos gregos e a teocêntrica dos autores cristãos e se encaminha para a direção antropocêntrica. Segundo a nova im-postação, o homem constitui o ponto de partida do qual brota e ao redor do qual fica constantemente polarizada a pesquisa filosófica. "A antropologia não procura apenas a verdade acerca do homem, mas se arroga também o direito de decidir o que pode significar, em absoluto, a verdade.
 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

ESCOLA FÁBRICA DE SERES MENTALMENTE INVERTEBRADOS


ESCOLA FÁBRICA DE SERES MENTALMENTE INVERTEBRADOS

 

:"Acredite em si mesmo e chegará o dia em que os outro...s não terão outra escolha senão acreditar com você."Cynthia Kersey.

Nesta semana estava em Toledo nas proximidades do Centro de Diagnóstico e enquanto aguardava para ser atendido ouvi um senhor de setenta anos fazendo crítica ao sistema educacional brasileiro e ele dizia que "há muitos modos de educar. Uns passam pela vara, pela imposição. Geram alunos ou filhos subordinados, passivos, obedientes, domesticados, medrosos, tímidos, com dificuldades para se decidirem, para optarem e se tornarem autônomos. O ambiente de estudo, exclusivamente individualista da sala de aula, as provas, invariavelmente individuais, o clima que reforça a auto-imagem de incompetência favorecem este modo de educar.

                               Outros educam para a partilha, a cooperação, a entre-ajuda de alunos e professores na busca da solução de situações-problema, o mais próximas do dia a dia. Estes que assim educam, sabem que a sala de aula não é parque de lazer. Por isso, intensificam a seriedade do trabalho. Crêem que a alegria na escola se situa na passagem, muitas vezes suada, da superação de uma perfeição menor para uma maior. Este aprender gera alegria. Esta passa a ser o clic, o encontrei, o heureca. O clima de trabalho passa ser o de mutirão. A escola que assim trabalho não vive apenas pensando em dever, obrigação, tarefa indesejada, cola, controle disciplinar. Pelo contrário, há ali a percepção de que se está crescendo, que cada aluno está se tornando um homem, uma mulher, capaz de pensar e de agir coerentemente, tendo uma visão global e crítica das coisas. Procedendo desta forma, professores e alunos estarão ultrapassando a visão sincrética, obscura das situações. Através de uma análise dos problemas estarão chegando a possuir uma visão global, sintética, contextuando os fatos, com a possibilidade de, mais crítica e conscientemente, se compromissarem com decisões que possibilitam melhor viver e conviver. Que educação é esta? Parece-me importante explicitar o que de fato, se entende por educação.

                               Educação é um processo de descoberta e de apropriação de valores. É processo. Logo, não é formada por produtos finais, por saber pronto, por doação de conteúdos indigestos ou indesejados. É processo de descoberta e de apropriação de valores. Descobrir e incorporar, transformar em vida os valores descobertos.

                               Na medida em que os alunos descobrem e vivenciam valores, pode-se dizer que se efetiva a educação.

                               Partamos de uma comparação, vendo o que ocorre com certos alunos. Há alunos que se sentem expropriados do direito de julgar suas próprias ações. Ao concluírem a tarefa, resolvido o problema, realizando o exercício, costumam apresentá-lo ao professor, perguntando: - É isso que o senhor quer? - É assim? - Que nota eu ganho? - Está bom assim? - Será que acertei? - Está bonito assim? - Preciso escrever mais? - Basta isso? - passei?

                               Todo este modo de pensar retrata o sentimento de incompetência, de incapacidade até de emitir uma julgamento sobre a ação. Parecem alunos mentalmente invertebrados, Tendo sempre que conferir com o critério de alguém acima e fora deles mesmos. O normal seria que o aluno, motivado, se projete com toda a sua convicção no trabalho e tenha certeza de que acabou de fazer um bom trabalho. Então, ao mostrar seu produto ao professor, dirá: - “Olha que trabalho bom que eu fiz! Tenho certeza de que acertei, de que está bom”. - De qualquer forma, o trabalho realizado é o produto do que há de melhor do aluno. Se o clima foi o de descoberta e o de apropriação de valores, o trabalho escrito pelo aluno acaba, simbolicamente, sendo um presente portador de presença. Um pedaço do aluno, do seu saber, do seu envolvimento emocional  acaba sendo apresentado ao professor, através do trabalho escrito ou desenhado.

                               Se há alunos que se considerem incapazes de emitir um julgamento sobre sua ação, há também professores que se encontram na mesma situação. - Como?

                               Está aqui presente a idéia de continuidade e de ruptura. Continuidade é fidelidade às convicções, à experiência de vida que se possui. Ruptura é a crise que interrompe a continuidade e apresenta à pessoa a possibilidade ou a necessidade de se reequilibrar num novo nível. Por vezes o valor novo emergido da superação da crise pode projetar dúvida sobre tudo o que a pessoa viveu como experiência ou convicção. No caso do professor, ao receber programas, propostas, pode ocorrer a generalização da dúvida sobre tudo o que era ou estava fazendo. Na prática, nem sempre há clareza ou tempo para que a nova proposta se sedimente. E o que ocorre é, em determinados casos, a descrença sobre a continuidade, a adoção de um livro didático, no qual o professor nem sempre crê, por não traduzir as convicções e o próprio conhecimento do professor. O professor, em classe, não está ali para que os alunos aprendam o que está escrito num livro. Está ali para que os alunos, de acordo com seu saber acadêmico e sua experiência de vida, julga ser fundamental que os alunos aprendam. Senhor Silvino qual, então, a função do professor educador?

                               Ele respondeu com as seguintes palavras: É, ao meu ver, a de possuir um saber sistemático, orgânico, científico, crítico, útil, prático, necessário para bem viver e conviver. Esta saber é fruto da formação acadêmica e da experiência de vida do professor. O saber trabalhado em classe com os alunos deve ter sido, antes, percebido como valor pelo professor. Quer dizer: o professor, via formação acadêmica e via experiência pessoal, somada à experiência dos demais colegas professores da escola é que trabalhará com os alunos o que para ele representou e representa sucesso, valor, vida.

                               O saber refletido com os alunos é o saber possuído, incorporado, vivido, ruminado pelo professor. Com pedaços de si mesmo, o professor acaba ajudando os alunos a se construírem. O professor torna-se o único “audiovisual” indispensável na escola.

                               Então, nesse caso, jamais levará os alunos a estudarem algo no qual ele mesmo não crê.                                             Nunca chegará na sala de aula para dar uma aulinha no qual não crê. Ao contrário, seu ensino terá sabor de vida. Trabalhará um conhecimento experienciado.

                               A apropriação do saber, transformando a vida, é que será o conteúdo que, via educação, o professor espera transformar em vida para os educandos.

                               Enfatizamos, aqui, a necessidade de se crer no que se ensina. O aluno acaba encontrando na escola um mestre que ensina a pensar, a decidir, a agir, a viver. Após ouvir  a voz da experiência na educação Claudino Gentile Ortigara representada pelo Senhor Silvino estou revisando todos os meus conceitos de educação.