sábado, 30 de março de 2013

QUAL O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO?


   QUAL  O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO NO MUNDO GLOBALIZADO?

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            Talvez devêssemos retornar aos gregos e examinar o que se passava na época de Sócrates. Seu amor pela verdade, sua abertura para o humano e sua compreensão toda abrangedora da tarefa educacional deve ser entendida em contraposição à prática dos sofistas da época para quem educação era aperfeiçoamento numa arte, no sentido grego de transmissão de uma técnica, de certos conhecimentos, cuja totalidade "formava" o profissional.
            Sócrates buscava algo diverso. Temos aí, logo no início de nossa história educacional ocidental essas duas posições, De um lado, estão aí os que se interessam profundamente pejo imediato, pela criação de possibilidades técnicas. Surgem os outros e perguntam: por quê? para quê? qual a finalidade desse aprendizado? É a maiêutica socrática que entra em cena e desafia os valores estabelecidos, pondo em cheque os resultados que os sofistas alcançavam com tanto êxito. Estes, sabemos pela história, eram pessoas brilhantes que captavam a atenção do público facilmente. Ocupavam posição privilegiada na sociedade; eram os "tecnocratas" da época. Sócrates opõe-se-lhes  não porque estivessem ensinando uma técnica. Os gregos sabiam que "saber fazer" alguma coisa era importante. Sócrates criticava-os porque reduziam a missão educativa ao seu polo mais elementar sem qualquer consciência crítica. Faltava no seu "saber" a agilidade desafiadora da dialética. Sócrates introduziu-a percebendo os dois polos necessários ao pensamento educacional: o polo da sabedoria e o do conhecimento.
            Quando se examina a questão apenas sob o ângulo do conhecimento, isto é, da aquisição de técnicas, onde fica o caráter transformador da educação? Desenvolve- se uma habilidade mas não se desenvolve a personalidade humana. Sócrates percebia que o processo do desenvolvimento da personalidade deveria incluir a aquisição de habilidades. Devemos levar este mundo à produção. O aprendizado de técnicas tornou-se uma necessidade para que o homem pudesse dominar a natureza e não se deixasse dominar por ela. Aqui a própria Psicologia veio a assumir pepel de importância uma vez que o homem se descobriu também natureza que precisava ser trabalhada com todas as suas energias interiores. A educação teve e tem muito a ver com isso. As técnicas, entretanto, não são suficientes para a transformação da realidade histórica. (Estou falando em realidade histórica porque ela é mais do que o mero domínio da natureza pelo homem, mas envolve a utilização do dominado, e o relacionamento de todos os domínios). Ora, se as
técnicas não são suficientes, surge a importância do outro polo que é a indagação da razão diante desse domínio. Por que devemos dominar a natureza? Por que dominá-la da maneira como o fazemos?O domínio da natureza é aprendido nas faculdades do mundo ocidental. Como resultado dessa tarefa temos o "tecnologismo", procurando fazer da técnica o fim da educação. Passamos a glorifica- la, transformando-a no ápice do esforço universitário. O homem que, pela técnica tentara subjugar a natureza passa a ser escravo da técnica.
            O polo da sabedoria, no sentido socrático, é o que nos pode levar ao saber, isto é ao saber para quê, porque, e como. Procura compreender o significado da técnica, da profissão e do dinheiro.
            O processo educacional destinado a desenvolver a personalidade humana oscila entre esses dois polos. Somos homo faber e homo sapiens ao mesmo tempo. Ao transpor o conceito para o âmbito teológico passa-se a mesma coisa. Podemos entender teologia como disciplina acadêmica e como atitude. O problema da localização do processo de educação  relaciona-se com essas duas maneiras de se compreender a tarefa. O processo, uma vez que precisa começar,
desencadeia-se a partir da  escola. É na comunidade dos que estão envolvidos no processo ensino aprendizagem que se torna possível a reflexão e a ação. Não para se encerrar nessa comunidade, é claro. Mas é a partir daí que se pode pensar em crescimento na consciência crítica e participativa.Educação,então é o processo em que reunimos reflexão à prática em relação ao desenvolvimento da nossa nova personalidade. Não me parece justo anular um polo para privilegiar o outro.Como eternos estudantes  não só pensamos nem só fazemos. Nós fazemos e pensamos e vice-versa.
            Até aqui temos examinado o conceito de educação  numa perspectiva muito ampla. Vimo-lo como um processo de crescimento, desencadeado pela existência da comunidade escolar e relacionado com a totalidade da realidade histórica. O que nos falta examinar é o lugar que as instituições  de ensino ocupam nesse processo amplo e todo abrangente. As instituições de ensino  são lugares onde se preparam os lideres para o Brasil e para o mundo, comumente chamados de cidadãos.São pessoas que atendendo os desafios modernos querem se dedicar a trabalhos de mudar o homem e o mundo.
 

Filósofo e Teólogo - professor de filosofia e teologia

EDUCAR PARA A LIBERDADE


                                                                                                                                                                                                                                                                                               
                   

                          EDUCAR PARA A LIBERDADE


           

            Há certas áreas do conhecimento humano que se esquivam às definições. Por isso, são as mais definidas. Cada geração sente-se forçada a dizer quais são os seus limites e perspectivas. Essas áreas podem ser vistas de ângulos diversos e consideradas segundo diferentes intenções. É o que acontece com o tema deste artigo" educar para a liberdade". Os que trabalham na área da educação  têm suas definições a respeito. Estão envolvidos com uma atividade que lhes parece clara, necessária e promissora. Entretanto não considerariam irrelevante a pergunta que nos é proposta: que é educação? Para que Educação? Quem educa quem?  A serviço de quem está a educação?

            O fato de levantarmos a questão,mais uma vez, é significativo. Mostra, em primeiro lugar, que a tarefa da educação não é tão óbvia como parece. à primeira vista, mas complexa  e difícil. Educação,seria então uma tarefa? E uma tarefa complexa e difícil? Em segundo lugar, estamos nos dando conta de que vivemos numa realidade notável onde conceitos e instituições flutuam

sob o influxo dos acontecimentos sociais. Estamos levantando a questão não porque não sabíamos ontem o que era educação, mas porque hoje não temos as mesmas certezas e nossas previsões para o futuro mal se esboçam. Levantar esta questão significa reconhecê-la numa perspectiva histórica. Em terceiro lugar, a questão sobre a educação  está presa a espaços determinados. E uma questão de natureza geográfica se me entenderem bem. A questão nos leva a qualificações relacionadas com o mapa brasileiro e mundial.  Que é educação  em Manaus, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre? O que é educação os brasileiros da área rural e urbana? O que é educação para os trabalhadores que vendem sua força de trabalho e para aqueles que compram a força do trabalhador? A tarefa é localizada. Não só temos um tempo de educação , mas também um lugar, Se os tempos mudam os lugares também se transformam. Pretendo, pois, desenvolver uma reflexão ao longo dessas três preocupações que me parecem subjacentes à questão original.

            Educação é uma tarefa complexa e difícil. Ao falarmos em educação brasileira estamos pressupondo a realidade maior da educação. Com isso somos levados a perguntar pelo seu significado, Este deve ser o nosso ponto de partida. O artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que "a educação deve visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e ao reforço do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais". Esse artigo faz parte de uma sequência em que são ressaltados o direito que todo homem tem à educação e à sua gratuitamente bem como o lugar que aí ocupa o país. Ao se colocar como objetivo geral da educação "o pleno desenvolvimento da personalidade humana" já se estão pressupondo capacidades e níveis. A personalidade é o material a ser trabalhado dentro das possibilidades de cada um. A educação poderia ser definida, então, como um processo onde esse desenvolvimento se torna possível. Nesse caso podemos perceber duas opções: o desenvolvimento das personalidades segundo padrões estabelecidos pela sociedade, que seria, segundo Piaget "a submissão da mesma ao conformismo social'", ou o estímulo às possibilidades inerentes ao indivíduo. O artigo 26, citado acima, vai além. Afirma que também compete à educação reforçar "o respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais". Com isso esclarece-se o tipo de desenvolvimento de personalidade que está em jogo: a que cresce no respeito e na liberdade. A Declaração da ONU tem ressonâncias em obras de autores brasileiros como Paulo Freire e Lauro de Oliveira Lima, para citar apenas dois! Este último entende que o homem é um animal transitivo, "em permanente reconstrução", de tal maneira que "não se pode pretender preparar educandos para a vida, pelo simples fato de não se saber o que será vida no próximo movimento histórico".'

            Para que o processo educacional venha a se realizar é preciso que os indivíduos mantenham-se abertos ao futuro e disponíveis ao desenvolvimento. Piaget entende que a tarefa educacional visa à "formar indivíduos capazes de autonomia intelectual e moral e respeitadores dessa autonomia em outrem".' Em outras palavras, diríamos que não se busca, na educação, um mero desenvolvimento da personalidade humana, como se não importasse alguma intencional idade. Uma pessoa só é educada na medida em que atende às exigências do respeito e da liberdade. Respeito e liberdade pressupõem vida em sociedade. O processo educacional pressupõe os outros. Dá-se através de participação em estruturas. É um intercâmbio.

            Vimos, então, que educação é um processo e que esse processo é social. Não quero levantar aqui a conhecida e inútil polêmica entre o individual e o social. Não me parece relevante querer saber, nesta altura, o que vem primeiro, se é a pessoa ou a sociedade. No nosso momento histórico essa questão não tem importância. Não obstante isso, o processo educacional trata com pessoas. E estas são passíveis de desenvolvimento em dois planos, o intelectual e o moral.'

            No que concerne ao processo de desenvolvimento do plano intelectual há inúmeras controvérsias. Que é mais importante neste nível? Será a transmissão de técnicas? Será a aprendizagem de mecanismos em que a maioria passa a assumir o comando? Qual o conceito de verdade subjacente à metodologia que ai se emprega? Piaget acredita que "o objetivo da educação intelectual não é saber repetir ou conservar verdades acabadas, pois uma verdade que é reproduzida não passa de uma semiverdade: é aprender por si próprio a conquista do verdadeiro, correndo o risco de desempenhar tempo nisso e de passar por todos os rodeios que uma atividade real pressupõe."

            O desenvolvimento da personalidade no plano intelectual busca em primeiro lugar o respeito de si mesmo, para que seja possível o respeito à liberdade de pesquisa e de descoberta dos outros. Nos sistemas educacionais totalitários, em que se procura inculcar uma ideologia oficial nos educandos, os indivíduos são submetidos a lavagens cerebrais para que jamais venham a perceber, por si mesmos, os contornos da verdade e da liberdade. O próprio Piaget entende que "não se pode formar personalidades autônomas no domínio moral se por outro lado o individuo é submetido a um constrangimento intelectual de tal ordem que tenha de se limitar a aprender por imposição sem descobrir por si mesmo a verdade: se é passivo intelectualmente, não conseguirá ser livre moralmente."

            Vê-se que estes dois planos são interdependentes. Os rumos que o processo educacional pode vir a ter vão depender da disposição de uma determinada sociedade de libertar as pessoas para experiências humanas de primeira mão e para a pesquisa autônoma sem barreiras.

               

Filósofo e teólogo - professor de filosofia e história

domingo, 10 de março de 2013

SERÁ QUE SABEMOS NOS COMUNICAR?


                                      SERÁ QUE SABEMOS NOS COMUNICAR?

 

"A coisa mais importante na comunicação é ouvir o que não está sendo dito." Peter F. Drucker

                Hoje em dia nós ouvimos falar muito de mídia,tecnologia e comunicação.E uma das mais comentadas nos nossos dias é a Comunicação. Um animador de programas, muito popular da TV brasileira, diz que "quem não se comunica, se trumbica". Um segredo importante para a comunicação entre os pessoas é saber ouvir. Conheço pessoas que não sabem ouvir. Elas só sabem tagarelar. Ficam falando o tempo todo como papagaios e não dão atenção aos outros. Você conhece alguém assim? Esse tipo de gente se torna muito cansativo e geralmente fazem poucos amigos, porque todos nós gostamos de ser ouvidos.Prática observada pelo Dr. Tony Alessandra quando sua máxima sempre era: "A sua comunicação é apenas tão boa quanto a sua compreensão sobre a pessoa com quem você está se comunicando."
                Quem não ouve os outros não se comunica, e conforme o Chacrinha, "Quem não se comunica, se trumbica". De fruto, podemos observar no nosso dia-a-dia famílias divididas, pessoas frustradas e muitos outros problemas que surgem por falta de comunicação, por falta de entendimento entre as pessoas. Eu conheço filhos que não conversam com os pais, maridos e esposas que não se acertam, irmãos com raiva uns dos outros, tudo por falta de uma simples conversa, por farta de comunicação. Nós sabemos que todo mundo tem problemas. Nós sabemos que ninguém é perfeito por isso  George Bernard Shaw colocava dúvida quando dizia
"O maior problema com a comunicação é a ilusão de que ela foi alcançada."
                Nós podemos reconhecer nossos problemas e procurar solução para eles. Por isso, nós podemos parar e pensar em nossos problemas de comunicação. Podemos perguntar como vai nosso entendimento
com as pessoas que vivem conosco. Será que eu sei conversar com as pessoas? Será que eu sei ouvir as pessoas? Ou, eu vivo só preocupado comigo mesmo? Este problema é bem mais sério do que a gente pode pensar. Entretanto, eu quero convidar você a pensar especialmente na sua comunicação.Não importa a maneira como você se comunica,mas vale lembrar o que alertava  Manfred Triesch: "Cartazes são mensageiros. Cartazes são expressão de cultura. Cartazes deixam marcas. Visíveis e inconfundíveis, como parte de um processo de comunicação, eles dependem do local e data de publicação. Bons cartazes falam uma linguagem internacional."


quarta-feira, 6 de março de 2013

QUEM SÃO OS CIVILIZADOS?


QUEM SÃO OS CIVILIZADOS?

 

                Um dos mais conhecidos autores de histórias em quadrinhos do Brasil é o paulista Maurício de Souza. Ele é o criador de personagens infantis que já saltaram das revistinhas para as telas de TV e cinema.

                Maurício de Souza procura dar algumas aulas para as crianças em muitas de suas histórias. Ele tem demonstrado preocupação didática usando os quadrinhos para passar informações úteis às crianças. Menciono uma história sobre o sistema solar. Foi uma verdadeira aula (Mônica nº 11).

                Na revista do Chico Bento encontramos o herói-indígena Papa-Capim. A escolha do nome foi infeliz, pois demonstra que o próprio autor não se aprofundou na análise da situação dos índios no Brasil. Papa-Capim induz as crianças a se imaginar alguém que se alimenta de capim, como se fosse um animal. Aliás, tem gente por aí que acha que índio é bicho-do-mato!

                Vamos acompanhar uma aventura de Papa-Capim. A história começa com dois caçadores andando pela floresta tropical. A caçada é seu esporte preferido. Enquanto andam em busca da caça, comentam:

_ Ei, Paulo! Ouvi dizer que por aqui há selvagens!

_ Claro que há! Afinal, estamos numa história de índio!

                Quando acontece o encontro com os selvagens, o medo toma conta deles. Durante toda a história eles não trocam uma palavra com os selvagens!

                Maurício de Souza tenta passar muito superficialmente alguns valores que dignificam os índios: os caçadores brancos acham o indiozinho bonitinho; eles percebem como os índios vivem em harmonia com a natureza; notam que os índios não desperdiçam comida.

                Quando regressam para a cidade, os dois caçadores reencontram-se com a violência urbana, com a poluição, com o engarrafamento do trânsito. A história termina

quando um pergunta ao outro:

_ Que tal uma fugidinha para aquela vida selvagem?

                A visão dos caçadores é, no mínimo, ingênua. Os povos indígenas no Brasil não vivem num paraíso. Na realidade, a situação deles é bem outra: miséria, doenças, mortes, exploração, desrespeito ... Pouco se faz para ajudá-los na defesa de seus direitos. Para nós fica a pergunta: quem são os selvagens, hoje? A sociedade moderna, desenvolvida, consumista, ou a sociedade dos índios, com sua cultura, seus valores?

                Após seis séculos  de invasão das Américas, os invasores celebram a "descoberta e a evangelização". Quando começa a nossa história? Em 1.500, havia no Brasil 5 milhões de ameríndios. Hoje, existem aproximadamente 200 mil sobrevivendo.Urge "descobrir" a história calada dos moradores desta terra.

                As vítimas do colonialismo hoje, através da solidariedade CONSCIENTE, unem-se para mudar os rumos de uma história determinada pela injustiça. É preciso reconhecer que, longe de celebrar a evangelização de nosso continente, recordamos com dor uma estratégia missionária cheia de contradições: as associações entre os espanhóis e a cruz, o Estado e a Igreja, o soldado e o missionário, as armas e a Bíblia, resultaram numa contra - evangelização e num contra - testemunho.As armas e a religião, a espada e a Bíblia, foram desde 1492 o método usado pelos invasores.

                Os missionários europeus impuseram sua fé, sua religião e sua moral. Manifestaram-se desde o início como se fossem donos da verdade, da terra e dos homens que nela viviam." "Os missionários demonizaram a América ao querer evangelizá-la. Ainda hoje a religião cristã é frequentemente utilizada para perpetuar dominações estabelecidas.A evangelização do continente americano legitimou e apoiou a conquista e a opressão.Lutamos  séculos para conservar nossas terras, águas, bosques, recursos naturais e humanos que integram nossas culturas. É preciso passar de um sistema dominante para um sistema mais participativo e justo.Afinal, quem é civilizado?

 

terça-feira, 5 de março de 2013

ALCOOLISMO E BEBEDEIRA AGORA É AVEZ DAS MULHERES E DOS JOVENS


ALCOOLISMO E BEBEDEIRA AGORA É AVEZ DAS MULHERES E DOS JOVENS

  

                O excesso no consumo de bebidas alcoólicas não é privilégio só de homens. Cresce, em todo o mundo, o número de mulheres que sofrem com este problema.  O que fazer, e como agir, se a esposa, a mãe, constantemente está alterada por causa da bebida?

                Antigamente se acreditava que o uso em excesso de bebidas alcoólicas por parte de mulheres estava restrito a algumas prostitutas e mulheres que trabalhavam na noite, como cantoras e artistas. Era a imagem que os filmes passavam para o povo. No entanto, hoje se constata que é grande o número de mulheres que estão envolvidas com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Esta noticia, em geral, causa surpresa e até choca as pessoas.

                Por isso, quase sempre, quando uma mulher é viciada em bebidas alcoólicas, ela e a sua família procuram esconder este fato. Sabe-se, entretanto, que esconder o fato não resolve o problema. Até pelo contrário, esconder o fato de que se tem problemas com bebida alcoólica retarda a ajuda e prejudica a pessoa.

                O que se pode  fazer quando a dona da casa, a esposa, a mãe, a jovem e adolescente é viciada em bebida alcoólica? Em primeiro lugar, é preciso tentar compreender esta situação. Rejeitar uma pessoa nestas condições não a ajuda a sair do seu problema. Esconder o problema, como já falamos, também não ajuda. Pura e simplesmente repreender, também não conduz para fora do problema. É preciso oferecer ajuda.

                Esta ajuda pode vir de grupos, como os alcoólicos anônimos e outros, que se propõem a ajudar pessoas com este tipo de dificuldade. A ajuda também pode vir com uma atitude de apoio e de amor por parte dos familiares. E a ajuda certamente virá quando a pessoa buscar o médico principalmente nas unidades de saúde do Município

 

UNIVERSITÁRIO SERTANEJO E A APOLIGIA AO ALCOOLISMO

JOVENS BÊBADOS

 

                Mariana Lioto do Curso de Letras  na Universidade Estadual do Oeste do Paraná fez um estudo provando que  no Brasil, o sertanejo universitário é a moda atualmente. Guilherme e Santiago fazem parte dos novos astros. Mas outra nova dupla, João Carreiro e Capataz, consegue superá-los quando o assunto é venerar o álcool. Em "Conselho de Amigo", eles dizem a Leo e Giba para irem ao boteco esquecer uma paixão. "Vem com nós pro buteco, vem tomá pinga, enxê o caneco", diz um dos trechos. E finalizam com uma orientação ainda mais assustadora e violenta: "Fica sofrendo pro causa dela não/mete o pé na costela dela e mete pinga na guela". Belos conselhos para amigos, conclui a pesquisadora.

                Amigos de fato faça uma ronda nas noites de sexta-feira e sábado são especialmente perigosas nas cidades. Uma legião de jovens invade bares e lugares de diversão procurando curtir a vida. Ao mesmo tempo em que buscam alegria, muitos exageram no consumo de bebidas alcoólicas, e tantos outros consomem tóxicos. O mais recente sucesso da dupla sertaneja Guilherme e Santiago, "Triste e Alegre", começa de forma objetiva: "Eu fico triste, alegre/Sem beber eu fico triste, bebendo eu fico alegre". Em outro trecho, mais uma vez o consumo de álcool é valorizado: "Há felicidade num copo de bebida..."

                Antônio e Jorge eram jovens sadios. Estudavam, trabalhavam e se davam bem com os pais. Antônio tinha 15 e Jorge 17 anos de idade. Quando o pai, em casa, tomava um aperitivo. eles gostavam de tomar um gole. Quando se reuniam com os amigos, gostavam de tomar cerveja. Em ocasiões especiais, bebiam vinho. O consumo de bebida alcoólica, que inicialmente era pequeno, passou a ser cada vez mais intenso. E não foram poucas as vezes que eles se sentiram alegres e tontos, de tanto beber. No outro dia curtiam uma ressaca, mas,

aparentemente, tudo voltava ao normal.

                Assim como Antônio e Jorge, milhares de jovens iniciam dessa maneira o seu contato com bebidas alcoólicas. Muitos deles talvez nunca venham a ter grandes problemas na vida por causa disso. Mas uma boa parte dos jovens que começam a beber, enfrenta sérios problemas por causa do álcool. Dependência, consumo de drogas, lesões físicas, envolvimento em acidentes e brigas, são algumas das consequências mais comuns.

            É importante que os jovens, quando têm que decidir entre beber ou não beber, e sobre quanto beber, tenham clareza sobre o que é a vida humana. A vida humana não é apenas busca de prazer, gozo imediato e de preferência. O que será destes jovens e adolescentes ? Está na hora da mudança.

domingo, 3 de março de 2013

PESSOA MEIA TIGELA


PESSOA MEIA TIGELA

 

Você já olhou uma nota de dez reais contra a luz da janela? Pois, se ainda não fez isso, faça uma vez prá ver o que enxerga. Há uma fotografia impressa de tal forma que a gente não vê.Só é possível vê-la olhando-se contra a luz forte. Aquela fotografia e outros detalhes da cédula são as marcas de sua autenticidade, ou seja, a prova de que não é dinheiro falso. Uma coisa que tem me preocupado é a autenticidade, isto é, saber se a pessoa é ou não verdadeira. No papo todo mundo é herói. Quando chega na hora de provar as atitudes, todo mundo dá uma de covarde. Eu me lembro de meu pai, antigamente. Quando ele recebia uma moeda antes de passar o recibo ele corria no mercadinho onde tinha uma laje de mármore e dava uma batidinha com a moeda na pedra. Dependendo do tinido ele dizia: verdadeira". ÀS vezes, ele falava baixinho prá nós: "esta moeda não vale, é falsa", Você já percebeu que numa roda de amigos conversando, todo mundo que está ali é boa pessoa? E que os outros nem sempre são tão bons amigos. Se cada um fosse submetido ao tinido, como a moeda verdadeira, gostaria de ver quantos passariam. Hoje todo mundo se diz ético e seguidor dos princípios morais. Só que eu queria ver na hora da prova, quem ia passar. Quando alguém nos coloca contra a parede e exige de nós uma decisão, sempre procuramos o lado mais forte. Na história da humanidade teve pessoas que nunca escolheram lado. Só que eles foram encontrado ao lado da verdade. E quando os colocaram contra a parede, eles não escaparam.Disseram e confirmaram tudo o que disse. Mas eu tenho encontrado uma porção de líderes de "meia /tigela". Dizem que são "isso e aquilo" e até batem no peito: "Eu estou pronto a morrer pela causa do meu povo". Mas depois de eleitos ou quando alcançam o poder esquecem tudo que fora dito e agem normalmente negando todos os princípios que guiaram seus postulados.

PLANEJAMENTO OU FATALISMO?


PLANEJAMENTO OU FATALISMO?

 

                Através do planejamento o homem pretende arrancar o mistério do futuro, dominando-o mais efetivamente e enveredando por ele com certa segurança e esperança de êxito. Através do planejamento os homens pretendem solucionar em boa parte os grandes problemas que os afligem, tais como o analfabetismo, a doença, a fome, e o problema habitacional. Esta é a razão porque termos como "planejamento" e "previsão" exercem sobre o homem moderno uma atração mágica. Tudo ou quase tudo se espera desta nova tarefa que dia após dia adquire maior grau científico e que se afasta cada vez mais da mera adivinhação.         As viagens espaciais assombram-nos por causa da exatidão cronometrica de suas etapas, realizadas, praticamente, conforme previsão dos técnicos e dos cientistas.Neste campo,o planejamento encontra a sua máxima perfeição.Claro que tem muita gente que prefere ir pela fé ou por crença do que fazer estudo rigoroso.Tal comportamento já foi constatado por Franklin Deleno Roosevelt "Eu não vejo porque não existe maior entusiasmo pelo planejamento, exceto talvez por essa razão: que a palavra planejamento não anuncia algo muito espetacular sobre ela e leva bons vários anos para se ver os resultados dela."

            Aguçando a imaginação, talvez possamos esboçar o mundo fictício de amanhã, dirigido por uma nova raça de governantes, os planejadores, os quais se encarregarão de prever com a máxima exatidão as atividades humanas, desde as produtivas até as recreativas.

            O planejamento oferece-nos o futuro. Recuar essa oferta é colocar-se à margem da história, fora do corrente que leva ao progresso e à abundância.

            Neste mundo invadido pelo planejamento parece insolência agir por fatalismo e por crença do plano sobrenatural. Penso que mesmo que seja forte a cultura da crença no sobrenatural é preciso que ele tenha um mínimo de previsão para que não se veja envolvido por sérios problemas de saúde, de dinheiro e talvez até de moral. Se alguém se esquece de suas limitações e realiza esforços desmedidos, sem prever as consequências, ou então realiza investimentos superiores a sua renda mensal, ou ainda não seleciona seus amigos, imediatamente se dará conta de que sua conduta não é sábia, mas néscia. Esta é uma verdade no

terreno pessoal e muito mais, no terreno social.

            A nação que não toma medidas e planeja cuidadosamente os passos futuros, imediatamente se arrependerá de sua atitude ao ver-se confrontada com toneladas de problemas que bem poderiam ser resolvidos se tivessem sido previstos. de alguma maneira. Assim, por exemplo, se os países subdesenvolvidos tivessem planejado corretamente o seu campo educacional, não teriam hoje excesso de advogados e carência de engenheiros.Centenas e milhares de diplomados sem profissão para aplicar o que aprendeu na universidade.Que adianta formar doutores para navegarem num oceano de ignorantes. Sabemos que o planejamento é a negação da improvisação e um convite a disponibilidade.A palavra "disponibilidade" foi descrita pelo filósofo Gabriel Marcel como a virtude. que consiste em manter-se aberto para as novas possibilidades do futuro, as quais nunca podem ser previstas de antemão. A disponibilidade é a virtude do homem que sabe que não pode dominar totalmente o futuro e que está disposto a aceitar o que a vida lhe oferece. É graças à disponibilidade que o homem pode dar as boas-vindas a tudo que é novo, mesmo que isto modifique seus planos cuidadosamente elaborados. A disponibilidade é uma virtude, porque ensina ao homem que ele não é um ser perfeito e que jamais poderá saber com absoluta certeza o que o futuro lhe reserva. A disponibilidade torna o homem sábio, porque lhe ensina que a vida é mais rica, mais completa, mais misteriosa do que ele suponha; porque lhe ensina a superar com alegria os obstáculos que surgem. A disponibilidade prepara o homem para a felicidade, porque esta chega sempre de forma inesperada, repentina e sem planejamento. Não estar disposto a aceitar algo imprevisto, pode significar que a felicidade trazida por essa situação fique por nós desaproveitada. É comum que uma pessoa trace um plano de várias etapas sucessivas para cumprir em sua vida, como por exemplo estudar, formar-se, viajar para o exterior, procurar um emprego conveniente, casar-se, ter filhos. Quando isso acontece, falamos de uma pessoa prevenida, que alcançará o seu propósito, porque o planejou cuidadosamente. No entanto, pode acontecer, e frequentemente ocorre que as diferentes etapas que planejou para serem cumpridas em ordem determinada, sucedem em ordem diferente da anteriormente planejada. Se isto acontecer e a aceitar com humor, com alegria, então será uma pessoa com disponibilidade, porque aceita o novo jogo que a vida lhe apresenta. Por outro lado, se permanecer firme em seu plano, rejeitando a etapa que se antecede,expulsará também a felicidade inserida nela. Em última instância, a disponibilidade defende-nós das amarguras que podem provocar em nós um desejo irrealizável. Mas, disponibilidade não deve ser confundida de com resignação. A resignação limita-se em aceitar passivamente a situação. Isso provoca frustração. A disponibilidade, porém, aceita a situação com a esperança de alcançar, no futuro, riquezas não previstas. A pessoa resignada perdeu a esperança. O homem com disponibilidade não a perde, porque sabe que sempre se pode encontrar uma luz no meio das trevas; porque sabe que do tronco caído nascerá um renovo; porque sabe que alguém superior a ele sustenta-o.

            Neste mundo conquistado pelo planejamento, corremos o risco de perder a disponibilidade. O planejamento não é mau; é sumamente necessária sobretudo no terreno social e profissional. Mas, abusar do planejamento no terreno pessoal, pode-nos transformar em pessoas inflexíveis, pouco dispostas a tolerar novidades, capazes de se amargurar desmedidamente diante de qualquer contratempo não previsto.

 

                                Filósofo e Teólogo - professor de filosofia e história

 

sábado, 2 de março de 2013

ACENDENDO AS LUZES DA CONSCIÊNCIA


ACENDENDO AS LUZES DA CONSCIÊNCIA

"Até onde conseguimos discernir, o único propósito
da existência humana é acender uma luz na escuridão
da mera existência."
Carl Jung

            Onde falta a energia elétrica, falta tudo, costuma se dizer, especialmente no interior, onde nem todos estão servidos por rede elétrica. Na cidade nem se fala. Onde não tem luz não é cidade.

            Vivemos num mundo brilhante de muitas luzes. Estamos tão acostumados a termos luz em todos os cantos e lados, que no dia em que ela falta por alguns instantes, ficamos sem saber o que fazer. Paramos e achamos que não dá para fazer nada. De fato, a luz ou a energia é de vital importância: ela alumia, aquece, refrigera, é indispensável nos hospitais, colégios e indústrias. Agora, vital mesmo é a luz e a energia do sol. Se não tivéssemos o sol a vida seria impossível.O sol ajuda no crescimento das plantas, aquece as pessoas e os animais, e é a grandiosa luz que ilumina todo o globo terrestre.O que somos sem a luz? A resposta que mais nos  faz refletir é da pensadora Elizabeth Kubler-Ross: "As pessoas são como vitrais coloridos: cintilam e brilham quando o sol está do lado de fora, mas quando a escuridão chega, sua verdadeira beleza é revelada apenas se existir luz no interior."

            Um dos mais terríveis castigos que até hoje se inventou para os prisioneiros é a cela escura. Em pouco tempo a pessoa fica mortalmente doente, quando é completamente privada do sol. O astro rei, como nós chamamos o sol, é tão importante que todos os livros sagrados de diferentes religiões  mencionam o sol como um poder sobrenatural. Sobre a importância da luz Nicolas Malebranche assim discursava: "Assim como nossos olhos precisam de luz para ver, nossas mentes precisam de ideias para criar."

            A vida sem consciência é uma vida no escuro. Falta tudo: luz, energia, calor, vida. Por que pouca  quer conhecer de perto a luz da consciência? A recomendação de Marianne Williamson  para esta necessidade é: "À medida que deixamos nossa própria luz brilhar, nós inconscientemente damos permissão às outras pessoas para fazerem o mesmo. À medida que somos liberados de nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libera os outros."

            A investigação científica e filosófica vai lhe mostrar como são enganosas incontáveis luzes que o mal tem acendido ao seu redor e que tem aparência de verdadeira. Parece tudo claro, mas na verdade você fica envolvido na pior escuridão e vai se perder num beco sem saída. Com a especulação,estudo e investigação filosófica você  terá a verdadeira compressão da autêntica  luz. Sobre esta atitude agente em direção a terra recomendava Sara Henderson  "Não espere a luz aparecer no fim do túnel, caminhe até lá e acenda a tal coisa você mesmo."