sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO QUE CONFUNDE A CABEÇA DAS CRIANÇAS


                             EDUCAÇÃO QUE  CONFUNDE A CABEÇA DAS CRIANÇAS

 

                Era uma vez uma menina. Não era uma menina deste tamanhinho. Mas também não era uma menina assim mais ou menos do seu tamanho. E muitas vezes ela tinha vontade de saber que tamanho era esse, afinal de contas. Porque tinha dias que a mãe dela dizia assim:

                _ Helena, você já está muito grande para fazer uma coisa dessas. Onde já se viu uma menina do seu tamanho chegar em casa assim tão suja de ficar brincando na lama? Venha se lavar.

                 Então ela achava que já era bem grande. Mas às vezes, também, o pai dela dizia assim: Helena, você ainda é muito pequenininha para fazer uma coisa dessas. Onde já se viu uma menina do seu tamanho ficar brincando num galho de árvore tão alto assim? Desça já daí. Se não, você pode cair. Aí Helena achava que ela era mesmo uma bebezinha que não podia fazer nada sozinha.

                E era sempre assim. Na hora de ir ajudar no trabalho da roça, ela já era bem grande. Na hora de ir tomar banho no rio e nadar no lugar mais fundo, ela ainda era muito pequena. Na hora em que as grandes ficavam de noite conversando no terreiro até tarde, ela era pequena e tinha que ir dormir. Na hora em que espetava o pé com um espinho e queria ficar chorando no colo de alguém, só com dengo e carinho, sempre diziam que ela já estava muito grande para ficar fazendo manha. Se ela tivesse um espelho mágico, que nem a rainha madrasta da Branca de Neve. , bem que podia perguntar:

                - Espelho meu, espelho meu, que tamanho tenho eu? Mas ela não tinha espelho mágico nenhum. Até mesmo espelho sem ser mágico, não era fácil. Na casa dela só tinha um, pequeno e muito no alto, em cima da pia. Só dava para se ver um pouquinho de cada vez. E mesmo assim, só quando alguém colocava no colo. Via o rosto, o pescoço, as mãos. Mas joelho, pé, canela, isso ela só via mesmo olhando para baixo, fora do espelho. E as costas, não via nunca. Às vezes ela até achava que talvez fosse isso. Vai ver, era assim: ela era pequena na frente e grande atrás. Ou grande na frente e pequena atrás. Ou de cada lado de um tamanho: por isso cada um via de um jeito, depende do pedaço dela que estivesse olhando. Mas ela se apalpava, se pegava, se olhava como podia e achava que não era nada disso. Grande ou pequena, era de um tamanho só, lá isso era. Só que não sabia direito qual era. Resolveu perguntar. Mas não sabia a quem. Gente grande era grande, não podia entender dessas coisas. tinha que ser alguém que ficasse
mudando a toda hora. Quem podia ser?

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